segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Irmãos Campana criam carpete para o Theatro Municipal de São Paulo

                          
Theatro Municipal de São Paulo acaba de ganhar mais uma peça dos irmãos Campana. Depois de três anos de reformas, o monumento reabriu as portas em junho de 2011, com fachada revitalizada, palco mais moderno e poltronas restauradas. Faltava, no entanto, um toque final. O tapete vermelho estava desgastado pelo tempo. A dupla de designers, que já havia feito um espelho e um balcão para o restaurante do local, foi chamada novamente. Eles fizeram um carpete com os desenhos modernos da linha Sushi, que faz contraste interessante com a arquitetura clássica e os dourados da decoração do teatro. 

A série Sushi foi lançada em 2002, com desenhos que parecem rolos califórnia, prato japonês que faz sucesso no Brasil. O carpete de lã de ovelhas australianas foi produzido pela empresa iraniana Belluchi. Para os fãs do trabalho da dupla, uma boa notícia: foi feita uma quantidade maior do que seria usada no Municipal e agora as peças extras podem ser compradas. Mas é preciso correr, pois a linha não será editada posteriormente. À venda na DBox, por 1.260 reais o metro quadrado. 

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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

A exposição "Artistas da Tapeçaria Moderna" reúne grandes nomes: Genaro de Carvalho, Jacques Douchez e Jean Gillon

A galeria Passado Composto Século XX comemora seu décimo aniversário com a realização desta exposição e reafirma a paixão de sua diretora, Graça Bueno, pela nossa brasilidade moderna artística e única, apresentando seu acervo, contando com coleções particulares e apoios institucionais. De 19 de setembro a 17 de novembro, a galeria apresenta tapeçarias, estudos, cartões modelo, documentos e vídeos de Genaro de Carvalho, Jacques Douchez e Jean Gillon. A mostra tem curadoria de Alejandra Muñoz, arquiteta e professora de História da Arte da Escola de Belas Artes da Bahia (EBA/UFBA).


 

Por Alejandra Muñoz, curadora

A galeria Passado Composto Século XX reúne três dos principais artistas da tapeçaria moderna brasileira numa perspectiva abrangente de fruição da arte têxtil, enquanto objeto estético, processo criativo, resultado técnico, repertório temático e trajetória profissional de seus realizadores. Três artistas, três tempos, três espaços: o baiano Genaro de Carvalho (1926-1971), o francês Jacques Douchez (1921-2012, radicado no Brasil desde 1947) e Jean Gillon (1919-2007, nascido na Romênia e naturalizado brasileiro). Da extensa produção dos três artistas, são focalizadas tapeçarias planas produzidas entre os anos 1950 e 1970, acompanhadas de cartões-modelo e estudos organizados em grandes temas que evidenciam uma linha estética muito próxima e referências comuns. Tal legado que, em termos históricos e estéticos, coincide com o Movimento Tropicalista, foi fundamental para a afirmação de uma brasilidade moderna, talvez pouco conhecida ou quase esquecida pelo grande público de hoje.

O francês Jean Lurçat (1892-1966) foi o grande mestre de referência dos artistas tapeceiros modernos, dentre eles, Jean Gillon, que conheceu Genaro de Carvalho e com quem manteve longa amizade e admiração comum pelo trabalho de Lurçat. Em 1954, o próprio Lurçat esteve no Brasil e, passando por Salvador, conheceu o ateliê de Genaro que começara a fazer suas primeiras tapeçarias no ano anterior. No ano seguinte, a Enciclopédia Delta Larousse já se referia a Genaro como o fundador da tapeçaria-mural no Brasil. Segundo Gillon, embora desde fins dos anos 1940, ele aprendera técnicas de tapeçaria, foi graças à "recusa" de Genaro de produzir tapeçarias de seus desenhos que o "obrigou" a fazer as suas próprias em fins dos anos 1960. Mas, muito antes, em 1957, São Paulo já contava com importante centro de produção de tapeçarias, o ateliê Douchez-Nicola, que tinha teares comprados da pioneira fábrica Tapetes Regina, de Regina Graz. Jacques Douchez, discípulo de Samson Flexor (1907-1971), foi integrante desde 1951 do Atelier-Abstração e participou com tapeçarias das 7ª, 8ª e 9ª, 11ª e 13ª Bienal de São Paulo, sendo um dos principais impulsores da arte têxtil no Brasil e um dos idealizadores da I Mostra de Tapeçaria Brasileira realizada na FAAP, em 1974.

No momento atual de retomada e revisão dos valores modernos brasileiros, o resgate da produção de tapeçaria é não apenas pertinente como necessário para o redimensionamento da complexidade da arte brasileira. As obras de Genaro, Douchez e Gillon, além do deleite visual e estético, refletem uma brasilidade sutil, afastada de clichês e folclorismos. Sem dúvidas, um bom pretexto para parar na rotina e nos deixar seduzir pelos instantes acumulados entre os fios.

Sobre a curadora:
Alejandra Muñoz, uruguaia, residente em Salvador desde 1992, é arquiteta, mestre em Desenho Urbano e doutoranda em Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (FAU/UFBA). Foi professora de Historia e Teoria da Arquitetura na mesma instituição (1998 a 2001) e, desde 2002, é professora efetiva de História da Arte da Escola de Belas Artes (EBA/UFBA). Exerce diversas atividades relacionadas às Artes e Arquitetura, produzindo textos de história e crítica, e participando de júris e comitês de seleção. Foi curadora das mostras Saccharum BA (MAM-BA, jun.2009), Trajetos: Vauluizo Bezerra (MAM-BA, out.-nov. 2010), Genaro de Carvalho: De memória - Uma retrospectiva (MAB, dez.2010-fev.2011) e Paraconsistentes - 25 artistas contemporâneos da Bahia (em cartaz no ICBA), todas realizadas em Salvador. Atualmente integra a equipe curatorial do Programa Rumos Artes Visuais 2011-2013 do Instituto Itaú Cultural, coordenada pelo curador Agnaldo Farias.

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